Panegírico

Decidimos fazer um panegírico, um louvor exagerado, um elogio ao amor genuíno, inocente e exclusivo que duas pessoas podem oferecer.
Desenganem-se.
Não podemos argumentar de uma forma adequada à idade que temos, que modéstia seria a nossa se nos julgássemos capazes de fazer o cálculo da felicidade? Podemos, sim, escrever sobre essa parte que os avós nos ensinaram e que agora sabemos de cor.
Deixamos que, ao longo da vida, nos convençam que o fim da juventude acontece quando há algo que nos acalma a alma, quando o bom senso vem e tira a espontaneidade dessas paixões desestabilizadoras, perguntamos se, de facto, há tempo a perder e se temos mesmo esse tempo.
Mas e se tirássemos o tempo ao tempo? Se deixássemos de lhe dar importância? Com certeza que não morreria de frio numa noite qualquer.
Decidimos então, formular um protesto e vamos assina-lo, vamos convencer todos os outros que ainda não sabem, a aprender com os que podem ensinar-nos todos os dias mais um bocadinho. Vamos boicotar o egoísmo e dar a elegância merecida ao puzzle de uma vida que se completa com duas pessoas.
Obrigada.